segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Poema Vesperas de ivan junqueira, postado por IVAM EVALDO KUSSLER - IVAN KUSSLER

poema de IVAN JUNQUEIRA, repassado por IVAN EVALDO KUSSLER - IVAM EVALDO KUSSLER

IVAN KUSSLER



VÉSPERAS

(Ivan Junqueira)

A tarde descortina
uma paisagem híspida:
no galho seco, o ninho
é uma inútil relíquia
que a luz do sol calcina
até a estrita cinza.
Gota a gota, o alambique
das horas se esvazia,
e dilui-se a vertigem
do álcool que lhe mordia
as veias retorcidas.
Êxtase da agonia
no crepúsculo a pino.
Sob o céu que definha,
alguém lê, num papiro,
o que afligiu o espírito
de Plotino e Agostinho,
e relembra a lascívia
do fogo que engoliu
Cartago e Alexandria.


Do livro O outro lado.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário